Suposta still do filme |
Garret Hedlund e mão de Kristen Stewart em seus personagens
Eu só acredito que esse filme vai existir quando o último plano for filmado”, dizia o cineasta Walter Salles em meados de 2010. Feito. A claquete final de “On the Road” foi batida em 11 de dezembro passado, em San Francisco (EUA), depois de quase quatro meses de estrada com os atores Garrett Hedlund, Sam Riley, Tom Sturridge, Kristen Stewart, Viggo Mortensen, Kirsten Dunst, Amy Adams, Steve Buscemi e Alice Braga, entre outros. O cuidado do brasileiro é compreensível, já que até hoje inúmeras dificuldades impediram a adaptação desse clássico do movimento beat, de Jack Kerouac, publicado em 1957.
A crise econômica de 2008 foi a mais recente, secando as fontes de financiamento e os interessados em se arriscar em um filme independente. Na última quinta-feira, o diretor começou a montagem do filme. Em entrevista, comenta as preparações para o longa, conta como foram as filmagens nos EUA, Canadá, México e Argentina e diz que o filme deve ficar pronto até o início de 2012.
Folha – Depois de tantos nomes envolvidos na tentativa de filmar “On the Road”, como se sente tendo finalmente garantido a realização desse projeto?
Walter Salles Jr. – Sem o apoio e a generosidade de cineastas e roteiristas ligados às outras encarnações do projeto, como Francis Ford Coppola, Roman Coppola ou Barry Gifford, não teríamos chegado ao final… Essa é a única certeza que fica. De um ponto de vista pessoal, terminar a filmagem de um projeto que levou seis anos para se concretizar não é simples. Fica uma sensação de vazio.
O fato de ele ter sido filmado em 2010 mudou de alguma forma suas opções, já que o filme lida com temas como papel dos imigrantes, cultura do medo, repressão sexual, liberação pelas drogas?
O convite da Zoetrope para realizar o filme veio em 2004. Durante esses anos em que não se conseguiu financiamento para o filme, muita coisa mudou, nos EUA e no mundo. Mas o livro de Kerouac transcende um período específico e suas eventuais contradições. Ele anuncia uma revolução comportamental que acabou possibilitando muitas das transformações libertárias geralmente associadas aos anos 60 e que afetam como vivemos hoje -a liberação sexual, a expansão da mente através das drogas, a redefinição da família, o surgimento da ecologia etc. E mais do que tudo, a necessidade de experimentação.
Quando as filmagens começaram? Quanto duraram?
A MK2, produtora independente francesa, nos deu o sinal verde no final de maio. Tivemos apenas oito semanas de preparação para começar a filmar, menos do que qualquer filme que já dirigi. Foram sessenta e poucos dias de rodagem, 20 a menos do que “Diários [de Motocicleta (2004)]“, para o mesmo número de cenas. Em outras palavras, não havia tempo para muita hesitação.
Em quais países e cidades ocorreram as gravações?
Nos EUA, as cidades que guardaram traços do passado são cada vez mais raras. Há shoppings, Walmarts e McDonald’s por todos os lados. Isso nos obrigou a ir cada vez mais longe para achar lugares que ainda tinham algum interesse arquitetônico, além de estradas desertas. Filmamos em diferentes regiões do Canadá, em torno de Calgary, Montreal e Hull, em Nova Orleans (EUA), nos desertos do Arizona, em San Francisco e no México.
Houve filmagens em Bariloche. Por quê?
Primeiro, porque o orçamento do filme não nos permitia esperar pelo inverno no hemisfério Norte. Uma solução teria sido criar o inverno digitalmente, manipulando as imagens. Venho do documentário e sou radicalmente contra isso, neve falsa, atores tendo que passar a sensação de frio com 40 graus à sombra. Foi aí que nos lembramos que, durante as locações de “Diários”, havia um trecho da fronteira entre Argentina e Chile que tínhamos deixado de lado por parecer com o Leste dos EUA. Fomos para lá em agosto. Filmamos no meio de tempestades de neve, congelamos de verdade e ainda tivemos o prazer de reencontrar uma boa parte da equipe de “Diários”.
Qual é o orçamento do filme? O fato de ter um orçamento menor do que o previsto mudou o filme de alguma forma?
O custo de “On the Road” difere do de outros filmes, por incluir os gastos que ocorreram durante 45 anos de desenvolvimento… uma dezena de roteiros diferentes, pagamentos a produtores envolvidos em fases anteriores do filme etc. A MK2 ainda está calculando o orçamento final, mas o fato é que filmamos com urgência e economia para conseguir chegar ao fim. Não foi possível, por exemplo, montar em paralelo à filmagem. É a primeira vez que isso acontece desde “Terra Estrangeira” (1996). Não víamos o que filmávamos.
Já existe uma previsão de quando vai ser lançado?
Não, até porque só agora vamos começar a descobrir as imagens do filme, com o início da montagem. Imagino que ele ficará pronto no final do ano, ou no início de 2012.
fonte:ontheroadbr | via:kristenjstewart
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