IG: Robert Pattinson surpreende em "Cosmópolis"

“Cosmópolis”, escrito por Don DeLillo em 2003 e transformado em filme por David Cronenberg, não poderia ser mais atual. Exibido em sessão de imprensa na manhã desta sexta-feira (25) no Festival de Cannes 2012, o longa-metragem reflete os tempos atuais, com movimentos contra o capitalismo e a ganância como Occupy Wall Street.


Ao mesmo tempo, tem uma atmosfera estranha, pois se passa muito na cabeça e no universo particular do protagonista, Erik Packer (Robert Pattinson, surpreendente), um gênio do mercado financeiro que cisma de ir cortar o cabelo do outro lado da cidade, em sua limusine branca – houve risos na sala quando ele pergunta “onde ficam as limusines à noite?”, fazendo lembrar de uma das cenas, justamente uma garagem de limusines, de “Holy Motors”, de Leos Carax.

À medida que ele percorre a cidade bloqueada para a visita do presidente dos Estados Unidos e pelos protestos contra o capitalismo, Packer recebe pessoas dentro da limusine e tem breves interações humanas fora do carro – os personagens são feitos por um elenco all-star formado por Paul Giamatti, Juliette Binoche, Matthieu Amalric e Samantha Morton. O protagonista também tem certeza de que alguém quer matá-lo.

Os diálogos elaborados de Don DeLillo foram bastante respeitados, resultando numa adaptação literal, mas de clima cronenberguiano. O duro de ter uma obra vasta e importante como o diretor é que sempre existirão comparações com o trabalho anterior. “Cosmópolis” se parece mais com obras mais antigas do cineasta e não o traz em sua melhor forma, mas tem méritos pela ousadia de adaptar este romance de maneira tão fiel e por sua sintonia com o que se passa no mundo hoje.

Na entrevista coletiva logo após a exibição, Cronenberg disse que não acha que o filme seja teatral. “Os últimos 22 minutos são Paul e Robert numa sala. Na verdade, poderia fazer como uma peça curta, mas não seria cinema. E a diferença é a câmera, que lente você está usando, quão próximo ou distante está dos atores. Para mim, é a essência do cinema, que é uma pessoa falando.”

O diretor também acha superficial comparar Erik com um “vampiro capitalista”. “Não lidamos com isso, é muito fácil dizer que ele é um vampiro ou um lobisomem de Wall Street, mas isso é superficial. É uma pessoa real. Você não pode dizer para o ator: Você é o símbolo do capitalismo. Como ele interpreta isso? Fora que é preciso ignorar a bagagem prévia dos atores.”

O próprio Cronenberg afirma que não compara seus filmes. “Posso interpretar o papel do crítico dos meus filmes numa entrevista. Mas você não pode confundir o seu papel com o meu papel. Ficar pensando nos outros trabalhos não me dá nada. O filme me diz o que quer e do que precisa e não tem nada a ver com os meus filmes anteriores.”

Sobre a preparação, Robert Pattinson disse que não consistiu em muita coisa. “Passei duas semanas no meu quarto de hotel me preocupando e me confundindo. No fim de semana anterior ao início das filmagens pedi para falar com David sobre o filme, mas ele me disse para não me preocupar”, afirma. Ele provocou risos ao dizer: “Os atores não precisam ser inteligentes”.

Don DeLillo, um dos maiores romancistas americanos hoje, disse que não participou em nada do roteiro. “Por isso que o filme se saiu tão bem.” O escritor afirmou que não pensou em fazer um retrato do novo milênio. “Comecei a perceber que as ruas de Nova York na virada do século ficaram lotadas de limusines brancas. Não havia pensamento sobre o apocalipse. Era um homem dentro de um carro.”

Pattinson contou que só pensou nesse panorama mais geral quando alguém disse quer era um filme sobre o fim do mundo. “É um mundo que não faz sentido para ninguém, especialmente das finanças. Eu acho que é um filme esperançoso. O mundo precisa ser lavado às vezes.”

fonte:IG

0 comentários:

Postar um comentário