Robert Pattinson me leva até um canto do quarto do Four Seasons e aponta para a base de uma mesinha. Encolhido em uma cestinha está um cachorrinho marrom e preto pintadinho (foto do cachorrinho, Bear, passeando hoje com John, o agente de Kristen – aqui) recém com alguns meses de idade, focinho cheirando o ar. Pattinson adquiriu ele há apenas uma semana em um abrigo de Louisiana, enquanto filmava os dois últimos filmes da saga Twilight. Amanhecer, partes 1 e 2.
“Eles sacrificam os bichinhos depois de 10 dias e ele estava no seu oitavo dia”, ele explica. “E a próxima coisa que lhe acontece é ele estar em um avião para L.A. e 200 pessoas vem e fazem carinho nele. Ele está sentado em seu quarto aqui, completamente perplexo com tudo. Ele não sabe o que está acontecendo. Ele deve estar bem perdido.”
Agora tem um livro da Virginia Wolf para você. De todas as pessoas do mundo, o cãozinho ganha Robert Pattinson como dono. Não é uma vida ruim, uma vez que você se acostuma com o ar condicionado constante e o serviço de quarto e a presença sempre de guarda-costas para te proteger dos montes de mulheres que oferecem os seus pescoços para ele morder ou filhas para ele escrever autógrafos.
Como explicar o fenômeno Twilight para um cachorro? Na verdade, um cachorro provavelmente entenderia de cara, já que a franquia de vampiros que conquistou o mundo é a mais latejante e cheia de feromônios de todas as bilheterias das franquias, capaz de transformar mulheres bem crescidinhas em caçadoras. Talvez a questão devesse ser: como explicar isso para um humano?
“Eu acho que 75% do tempo, eles não querem te encontrar”, Pattinson disse, sentando no sofá, com os pés apoiados na mesa em sua frente, e os cotovelos equilibrados nos joelhos. “Porque, o que você vai querer depois? Nunca vai equiparar as suas expectativas, quer dizer, ninguém vai ser o que se espera. Então é quase mais empolgante, é um favor para as pessoas, que eu me mantenha escondido. A única coisa com que eu posso comparar é colecionar figurinhas de futebol. Quando eu era criança e colecionava figurinhas de futebol, se você completasse todo o álbum, era como “Ah, merda. Toda minha emoção, a coisa com a qual eu iria gastar a minha mesada, acabou tudo.”
Como dever ser você ser a inspiração para tamanho frenesi global e ter todo o resto de sanidade que você tem conectada ao fato de que você nem sabe como explicar isso? A minha primeira entrevista com Pattinson foi em 2005, logo após ele surgir do nada como Cédrico Diggory em Harry Potter e o Cálice de Fogo. Ele parecia um típico garoto de 18 anos. Britânico, inquieto e se pondo para baixo, fazendo piadas bobas sobre ficar bêbado todas as noites enquanto o seu relações públicas o olhava de forma nervosa. Ele parecia tão preparado para o que estava por acontecer, quanto para uma viagem de um homem só para Marte.
“Isso foi antes de tudo virar uma loucura”, ele disse, passando a mão pelo cabelo, pensando, ou sorrindo – é difícil dizer com Pattinson, com suas feições estranhamente mascaradas, sempre diretas olhando por cima de suas sobrancelhas direto na câmera, mas levemente contraídas de perfil, como um vaso grego ou um Picasso. “Praticamente tudo mudou irrevogavelmente. É engraçado, eu sempre senti um pouco de agressão dos caras quando eu vou em bares ou algo assim mas as pessoas da Inglaterra são mais engraçadas quanto a isso, eles só são agressivos em querer mostrar que não estão nem ai. Bem, se você não se importa, porque você está me incomodando? E também, acho que muitas pessoas na Inglaterra acham que eu sou americano agora. Então, se torna uma coisa em cima da outra: ah, aquele idiota americano.”
Não tem um relações públicas presente dessa vez, mas ele também deixou de beber. Agora, com 24 anos, ele parece mais acostumado, melancólico e continua com as constantes auto-depreciações (“É difícil se policiar para não parecer um completo idiota, o que no meu caso é quase impossível “), ele parece menos com um típico britânico, e mais uma resposta patológica à exorbitância de sua própria fama – uma maneira de sumir a olhos vistos. Ele se anima um pouco quando fala de sua última colega de elenco: Uma elefanta indiana chamada “Sia” (erro de reportagem, a elefanta se chama Tai) que contracena com ele em Water for Elephants, que é com certeza o maior esforço de Pattinson em se afastar da zona Twilight. Nessa adaptação do livre de 2006, Best-seller escrito por Sara Gruen, sobre um circo itinerante da época da Depressão, Pattinson interpreta um estudante de veterinária que perde seus pais em um acidente de carro e pula no trem do circo, onde ele é adotado colo pupilo pelo líder circense interpretado por Christoph Waltz, e sua bela esposa , interpretada por Reese Whiterspoon, com quem ele tem um caso. “Reese tem uma aura ao seu redor, esse é o ponto forte dela, ela deixa todo mundo feliz ao seu redor”, Pattinson disse, mas ele guardou os seus maiores elogios para “Sia”, a elefanta, com quem ele fez amizade instantaneamente. “Aquela elefanta era simplesmente incrível. Ela caminhou me carregando na boca no primeiro dia. Literalmente na boca. Eu estava de lado. Eles têm esses lábios super musculosos e usam apenas a quantidade certa de pressão. Você consegue sentir isso. Oh meu deus, é impressionante.”
Sobre o último dia de filmagens de “Sai”, Pattinson disse que derramou algumas lágrimas, coisa que nunca fez por seus colegas humanos. “Se você perguntar a ele por que ele fez o filme, ele fala que é porque ele queria trabalhar com a elefanta,” Francis Lawrence, diretor de Water for Elephants, disse. “Ele realmente se apaixonou por ela… acho que as pessoas vão se impressionar com o desempenho dele nesse filme. Ele realmente fez um trabalho bem detalhado.”
A série Twilight explorou de forma brilhante a sua passividade, fazendo dele um ícone da torturante negação pessoal, lutando para controlar os seus apetites por medo do que pode acontecer com a sua amada Bella. Esses são os únicos filmes de vampiros em que os vampiros têm medo das virgens. Pattinson disse que moldou o personagem Edward Cullen como um viciado que tenta se manter sóbrio. “Eu nunca vi nada de tão bom nele. Mas eu entendo completamente o se apaixonar por alguém, e sentir que você precisa sacrificar alguma coisa de você e tem uma comparação com estar apaixonado com um viciado, e você não quer que ele mude ou ele não consegue mudar. Eu sempre achei essa parte da essência da história bem interessante.”
“O que é irritante é que você não pode mais tratá-los como filmes normais mais. Agora existe uma estrutura tão definida em como os filmes são feitos, e é difícil se soltar disso. Catherine [Hardwicke] usou uma das minhas músicas no primeiro filme – eu não consigo imaginar isso acontecendo agora, porque é uma coisa importante para as gravadoras, conseguir colocar uma música na trilha sonora.”
É quase um alívio físico ver o quão relaxado ele está em Water for Elephants. Porém, se tenho um ponto a ressaltar é que a sua química com o elefante é mais forte do que a química com Resse Whiterspoon, cujo o brilho quase apagado está há quilômetros de distância da luz efervescente que mantém ele e Kristen Stewart grudados nos filmes Twilight. Pattinson fala que nunca entendeu a história de amor de Water for Elephants.
“Eu não me lembro de olhar para Christoph e Reese e pensar ‘Eles fazem um belo casal juntos, e eu devo chegar e ficar com ela e destruir ele no processo?’” Ele ri com a idéia de tamanha imprudência.
“Quando eu li o script, eu fiquei ‘Oh, eu sou basicamente os olhos do público’ e então você percebe ‘eu estou em todas as cenas’ ele é absolutamente alienado nos primeiros 25 minutos da história, ele não faz idéia de quem ele seja mais. Foi um daqueles filmes, que todos os dias havia uma reação nova para interpretar – os elefantes, os leões… é como se você estivesse vivendo isso pela primeira vez e você na verdade não tem que fazer nada. Então, quando tinha uma cena onde eu realmente tinha que dar tudo de mim eu ficada ‘O que? Tragam a girafa!’”
Também não ajudou – e talvez isso diga alguma coisa – que seu primeiro beijo com Whiterspoon, filmado em um beco de Los Angeles, foi infiltrado por paparazzi, que tinham reservas de hotel do outro lado da rua para tentar conseguir uma boa foto do casal se beijando. “Tudo que eu me lembro dessa cena é de estar completamente furioso porque essas pessoas estavam lá, e flashes eram disparados e tínhamos que refilmar”, Pattinson disse vagamente. Esse é o fato principal de sua vida, o sol em torno do qual todo o resto revolve: a certeza absoluta de que onde quer que ele vá, um pequeno caos será desencadeado, seguido por flashes e gritos até que Pattinson seja retirado pela porta dos fundos por seguranças.
“Eu trabalhei com algumas estrelas que fizeram as pazes com a fama. No caso de Rob a sua fama é tão grande e a reação que ela inspira é tão violenta – elas literalmente rasgam as roupas que estão nas costas dele – que ele não conseguiu fazer as pazes com isso. Ele tem que viver se escondendo, mais ou menos.” Disse Francis Lawrence.
“Eu meio que tenho uma crise a cada três meses. Você sabe, eu tenho que sair de casa para algum ligar! Arrrggghhh! Eu não me importo se uma multidão vai vir ou algo assim. Dai você sai e uma multidão vem e você fala ‘Eu não saio de casa por mais três meses. ’ Acho que a melhor maneira de lidar com isso é continuar trabalhando. É estranho, atuar, quando você está fazendo isso é o trabalho mais luxuoso do mundo, mesmo se você não está ganhando muito – mesmo ter bastante tempo livre é ótimo. Agora, porque não consigo viver uma vida cotidiana, eu só quero continuar trabalhando o tempo todo. Então parece mesmo um trabalho convencional porque eu trabalho praticamente todos os dias do ano,”
Se ele acha que está perdendo alguma coisa? “Eu costumava me sentir mais assim,” ele disse, mas a maioria de seus amigos são músicos, e estão em turnê na maioria das vezes, então nessas horas ele não liga muito para o seu itinerário. Eu pergunto a ele quando foi a última vez que ele fez um amigo. “Eu não fiz nenhum amigo com quem eu possa sair junto depois de Twilight” ele disse. “Eu pulo de emprego em emprego, mas não dá pra simplesmente dizer ‘Hey, vamos tomar um drink’ para alguém – simplesmente não dá. Eu tenho segurança na maior parte do tempo agora. Tem que preparar um protocolo, tem que ir para algum lugar que tenha uma área, e pessoas não entrem. Depois de um tempo você pensa ‘Merda, eu não falo com ninguém, eu não conheço ninguém’. Só porque é assim que acontece”.
Ele dá de ombros. Ele é a última pessoa que quer que tenham pena dele, não com rendimentos de U$27 milhões, mas mesmo assim. “Sentimos pena dele,” disse Allen Coulter, diretor de Remember Me. “Foi engraçado. Em algum momento alguém foi até o hotel para buscá-lo e ele tinha uma dúzia de calças jeans espalhadas pelo quarto e daí disseram ‘Você pode pedir a alguém para lavar isso para você.’ Parecia quase que ele não fazia idéia disso. Ele não teve a chance de desenvolver hábitos de vida de uma pessoa normal que tem uma casa e vai para a faculdade e arruma um emprego, arruma uma namorada, termina, arruma outra namorada e devagarinho vai crescendo. Eu sei que a agente dele é muito protetora, muito maternal, mas não tem muito que se possa fazer. Ficamos um pouco tristes por ele, porque em alguns aspectos ele não teve a chance de crescer e ser ele mesmo.”
A única companhia de Pattinson durante tudo isso tem sido a colega de Twilight, Kristen Stewart, 21 anos, com quem ele supostamente teve um romance vai-e-vem, embora alguns digam que é tudo um golpe de publicidade fabricado pelo estúdio. Pattinson fica calado, mas parece triste só de perguntarmos . “Teria sido muito mais difícil se não nos déssemos bem. Principalmente porque nós passamos tanto tempo juntos”, ele disse. “Desde o primeiro dia que a conheci, teve uma energia. Muitas pessoas ficam famosas e perdem a cabeça. Dá pra notar com a Kristen, que ela é completamente o oposto. É realmente muito difícil encontrar alguém assim.”
Pattinson acabou de filmar os dois últimos filmes de Twilight, por quatro meses em Vancouver e Louisiana. “Parece que estamos fazendo isso a vida toda.” Ele disse, me assegurando que Edward tem um papel mais ativo em ambos. “Teve momentos no último que era meio ‘Vamos lá agora’. Essencialmente, você faz dele um cara mal tirando ele sempre da ação. Mas no último, eu acho, é bem interessante. A série toda começa com ele totalmente fossilizado e ele começa a se desvencilhar de sua casca e se torna mais e mais normal. E basicamente se torna um cara normal de 17 anos,”
É difícil não ouvir o grito de liberdade de Pattinson enquanto ele tenta se soltar de Twilight e esculpir um novo tipo de carreira para ele mesmo. O próximo passo é um projeto de David Cronenberg, Cosmopolis – “o cara é totalmente niilista de todas as formas possíveis, o anti-Edward.” – e ele também tem um papel na adaptação de Declan Donnellans da história de Guy de Maupassant, Bel Ami, em que ele interpreta um cara sem amor que dorme com mulheres para chegar ao topo da sociedade parisiense. “Eu adoro o livro” ele disse. “Eu realmente acho engraçado que todos dizem que o alvo é o público feminino. Você faz um filme sobre um cara que é um predador de mulheres ricas e basicamente rouba o dinheiro delas e faz elas trabalharem para ele e é um completo idiota com elas, e esse é um filme feminino?” Ele ri.
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