Filmagem de cenas de Amanhecer no Rio coloca de vez a cidade no mapa das grandes produções

Quem perguntar a uma adolescente "quanto vale ficar a menos de 20 metros do seu vampiro favorito?", vai obter como resposta o jargão "não tem preço". Para o Rio, ter o famoso personagem Edward Cullen – papel de Robert Pattinson na cinessérie Crepúsculo – zanzando por suas ruas custou US$ 500 mil.

Esse foi o valor que a RioFilme, órgão ligado à prefeitura, investiu na produção do filme Amanhecer – parte 1 (o quarto da cinessérie), do estúdio americano Summit.

Mas o município recebeu de volta US$ 3 milhões. O valor foi gasto pela equipe americana para rodar cenas da lua de mel do casal protagonista, o tal vampiro bonitão e a humana Bella (vivida por Kristen Stewart), no bairro da Lapa e em uma ilha isolada na região de Paraty. Saldo: US$ 2,5 milhões.

Na mesma semana, a produção da rocambolesca aventura sobre rodas Velozes e Furiosos 5, da americana Universal, também desembarcou com US$ 2 milhões para gastar na capital carioca. Sua equipe veio ao Brasil atrás das famosas paisagens da Cidade Maravilhosa e da mão de obra local, boa, barata e especializada em cinema.

A passagem das duas equipes pelo Rio engordou os cofres cariocas em US$ 5 milhões. No valor estão embutidos não só o aluguel de locações e a contratação de técnicos, atores e figurantes locais, mas também gastos com hotéis, alimentação, transporte e logística. A presença dos astros dos dois filmes demonstra que o Rio entrou no mapa das grandes produções. No primeiro semestre deste ano, a cidade foi palco de 54 produções cinematográficas e publicitárias estrangeiras, um aumento de 22% em relação ao mesmo período de 2009.

“Muita coisa que acontece colaborou para que esse interesse no Rio se intensificasse neste momento. O prestígio internacional do presidente Lula, a escolha para sediarmos as próximas Copa do Mundo e a Olimpíada de 2016. Mas é resultado também de um trabalho de bastidor que vem sendo feito para atrair as produções”, diz Sérgio Sá Leitão, presidente da RioFilme.


O executivo refere-se à ação em grande parte da RioFilm Comission, um braço da RioFilme, que, apesar de existir desde 2005, reforçou sua ação no Exterior somente em setembro de 2009. “A RFC funciona como uma agência de informações e também faz a intermediação entre as equipes de produção e os órgãos oficiais para, por exemplo, se fechar uma rua. É um agente facilitador para as produções rodarem no Rio”, diz Leitão.

“Na primeira participação em um evento no Exterior, o American Film Marketing, em novembro de 2009, fizemos reuniões com cerca de 50 produtores americanos e europeus.” Foi na ocasião que se acertou a vinda das duas produções. Somente Amanhecer recebeu investimento da RioFilme. “Temos uma linha de crédito chamada Rio Global com um orçamento anual de R$ 3 milhões, para destinar a produções estrangeiras que rodem filmes ou trechos de filmes no Rio. Para se receber esse aporte os produtores do filme devem garantir o retorno do in–vestimento para a cidade. Por isso só entregamos o dinheiro a uma produtora baseada no Rio”, afirma Leitão.

No caso de Amanhecer, as produtoras Total Entertainment, de Se Eu Fosse Você 1 e 2, e a Zohar Cinema, com foco em publicidade, foram as contratadas para dar apoio local à produção. Das cenas rodadas no Estado do Rio o diretor deve incluir de 5 a 10 minutos no filme. Curta ou não a aparição do Rio na telona, o esforço para trazer as produções ao País valeu a pena. Só de empregos diretos foram criados cerca de 300, entre equipe técnica e atores.

Outro setor beneficiado foi o da hoteleira. O Copacabana Palace recebeu as duas equipes em seus apartamentos (R$ 1.000 a diária) e suítes presidenciais (diária de R$ 4.600), rendendo pelo menos R$ 500 mil ao hotel em dez dias. Há também ganhos de imagem para a cidade.

“A exibição dos filmes vai promover uma visão menos estereotipada do Rio coalhado de favelas, uma vez que irá mostrar a região da Lapa e de Paraty”, acredita Walkíria, referindo-se a Amanhecer. Há anos a cidade de Nova York, palco de vários filmes, usa essa estratégia. “A cidade recebe, por ano, US$ 7 bilhões de produções que vão rodar seus filmes lá”, diz Walkíria, da Total Entertainment.


Mais um fator que atrai produções internacionais de grandes orçamentos é a repercussão dos filmes nacionais no Exterior, como Cidade de Deus e Tropa de Elite (2007). Isso estimula a contratação dos profissionais brasileiros. “Trata-se de um grande reconhecimento da capacidade técnica dos profissionais cariocas”, diz James D’Arcy, produtor-executivo de Tropa de Elite 2.

Mas nem tudo são flores. A superprodução Os Mercenários, com Sylvester Stallone no comando, rodou, em 2009, cenas de ação no Rio com técnicos e atores brasileiros contratados pela O2 Filmes. O saldo da conta foi um calote de R$ 3,8 milhões, que até hoje a produtora brasileira tenta receber. Apesar do incidente, o intercâmbio entre o Rio e Hollywood está a todo vapor.

“A nova gestão da RioFilme tem ajudado a fazer do Rio um dos principais polos de audiovisual da América Latina. Só o Rio é capaz de aliar belezas naturais, cenários e histórias inspiradoras. Uma cidade assim parece até coisa de cinema”, comentou o prefeito do Rio, Eduardo Paes, sobre o boom estrangeiro em suas praias.

fonte:istoedinheiro

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