Como você deve saber ? saiu uma notinha aqui, outra ali ? os protagonistas da saga "Crepúsculo", Robert Pattinson e Kristen Stewart, não estão mais namorando. Na verdade, deve ter lido várias versões da história ? como todo mundo, inclusive o próprio astro.
"É, li, sim", confirma o britânico durante a entrevista feita de manhã cedinho num hotel de Nova York. "É sobre a minha vida, claro que vou querer ler. É meio compulsório, apesar de parecer sadismo. Sei que não deveria, mas não dá para evitar; queria muito parar."
Não faz mais que algumas semanas que um tabloide flagrou Kristen, namorada de Pattinson há quatro anos, abraçada com Robert Sanders, que foi quem a dirigiu no filme "Branca de Neve e o Caçador" ? e desde então a imprensa escrita, falada e digital não sabem falar de outra coisa.
Situação difícil também para Pattinson, que preferia falar sobre seu filme novo, o drama peculiar de David Cronenberg, "Cosmópolis".
"É de deixar qualquer um maluco", desabafa ele. "É insano. Não sei como estou conseguindo aguentar, sério mesmo."
Pattinson ri.
"Às vezes acho que coisa toda é hilária", admite. "É muito engraçado. Minha vida me parece meio ridícula, um tanto absurda."
No auge do escândalo, as fãs de "Crepúsculo" tomaram o partido do moço, praticamente sem exceção. Ele não se surpreende, pois, desde a estreia do primeiro filme da saga, "Crepúsculo" (2008), já sentiu o carinho do público.
"É muito forte essa paixão. Incrível mesmo", ele prossegue. "Bom, melhor assim do que todo mundo me odiando."
As fãs também se encantaram com o fato de o astro ter mantido a mesma humildade e atitude que tinha antes de se tornar um astro.
"Eu até quero mudar", ele brinca, "mas não dá. Não consigo fazer pose. A verdade é que sou o mesmo, a minha energia não mudou em absolutamente nada".
Quando Cronenberg, prestigiado cineasta independente cujos trabalhos recentes incluem "Marcas da Violência" (2005) e "Senhores do Crime" (2007) lhe enviou o roteiro de "Cosmópolis", baseado no livro de Don DeLillo, Pattinson encontrou só um probleminha. Conseguiu, sim, se ver na pele de Eric Parker, o bilionário de 28 anos que vê o mundo desmoronar à volta da limusine onde se encontra a caminho do barbeiro, depois de perder toda a fortuna numa aposta malfeita; ficou impressionado com as cenas em que uma viagem relativamente simples o envolve em rebeliões, lhe traz alguns visitantes e encontros íntimos, mas tinha só uma questão...
"Fui honesto com o David e disse que tinha adorado o roteiro, mas não o tinha entendido direito", admite Pattinson. "Eu sabia que se tentasse enrolar ele ia me pegar pela perna."
De sua parte, Cronenberg confessou, em outra entrevista, que via Pattinson com alguma reserva; Eric é um personagem complexo, com uma profundidade que vai aflorando aos poucos ao longo do filme.
"Será que um britânico conseguiria falar com um sotaque nova-iorquino que não fosse muito ruim?", relembra o cineasta. "Será que conseguiria interpretar um personagem tão denso sendo tão novo? Teria o carisma de segurar o público, já que aparece em praticamente todas as cenas?"
"Lá fui eu então assistir a 'Poucas Cinzas' (2008) e 'Lembranças' (2010)", continua ele. "Vi até as entrevistas que ele deu. Queria saber como agia quando não estava representando, sentir como era enquanto pessoa, mas, principalmente, saber se tinha senso de humor. Até que me convenci de que era o cara certo."
A maioria das cenas de Pattinson se passa dentro da limusine. Felizmente, o ator não é claustrofóbico.
"Sabe que eu até curti?", revela. "No começo, queria ficar no carro o dia inteiro, mas o calor era insuportável, não dava para aguentar."
Na maior parte dos filmes em que trabalhou até hoje Pattinson teve que esquecer o sotaque britânico e, por isso, não sentiu problema nenhum em seguir o padrão de fala de Eric.
"Nem sei que sotaque eu estava fazendo, para falar a verdade", admite. "Sempre achei que o dialeto já aparece nas falas. A voz também faz parte da preparação, mas nem tentei imitar o jeito de falar dos nova-iorquinos."
Seu próximo filme é, obviamente, a última parte de "A Saga Crepúsculo: Amanhecer Parte 2", que estreia em novembro e, como se sabe, é totalmente diferente de "Cosmópolis".
"Tento fazer papéis bem diversos quando não estou interpretando o vampiro Edward Cullen. Acho importante diversificar, explorar personagens variados para não ficar marcado."
Isso não foi problema com o filme atual. Cronenberg é conhecido por suas tramas ambíguas e sensibilidade pouco ortodoxa e "Cosmópolis" não é exceção.
"O mais estranho é que eu já vi esse filme novo quatro vezes e a cada um parece uma coisa diferente, mas acho que isso é bom", diz Pattinson. "É o filme típico do David. A impressão é a de que estou vendo algo que está sendo feito pela primeira vez."
Pattinson foi criado em Londres e seus sonhos de criança envolviam música, e não a atuação.
"Comecei a atuar num clube de teatro que ficava na esquina de casa quando eu era garoto", ele relembra. "E só me dispus porque as meninas bonitas frequentavam. Nem participava das peças da escola porque tinha vergonha."
E o fato de acabar se tornando ator ainda o diverte.
"Fiz o teste para 'Troia' (2004), o filme do Brad Pitt", conta ele. "Nunca tinha feito nada nem parecido, até a seleção foi surreal. Ainda hoje, quando me olho, não acredito. Se tenho que preencher algum formulário, é estranho escrever ali 'ator'."
Ele não conseguiu o papel em 'Troia', mas, no ano seguinte, integrou o elenco de 'Harry Potter e o Cálice de Fogo' (2005) no papel do belo, charmoso e malfadado Cedric Diggory. Três anos depois já encarnava o sensível vampiro Edward Cullen e sua vida nunca mais foi a mesma. Embora possa ser visto em "Lembranças", "Água para Elefantes" (2011) e "Bel Ami - O Sedutor" (2012), sua carreira gira em torno dos filmes da saga "Crepúsculo", com o epílogo ainda por vir.
Para as fãs mais fanáticas que já se desesperam com o fim da franquia, Pattinson oferece algum consolo.
"Tenho certeza que vão acabar transformando num seriado de TV", afirma ele. "Vão fazer tudo de novo."
E o projeto provavelmente não envolverá Pattinson, mas já se fala numa prequela da saga. Será que ele interpretaria Edward Cullen de novo?
"Quem sabe?", desconversa o ator, rindo. "A única coisa que é que aí eu teria que ter 17 anos para sempre e fica meio complicado!"
(Cindy Pearlman é redatora freelancer de Chicago.)
fonte:R7
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