Vampiras com potencial feminista


Personagens de vampiras na ficção sobrenatural, tendem a serem divididas entre os estereótipos de vagabundas e madonnas, cada uma tendo parâmetros restritos concebidos para encobrir o potencial de destruição não-feminina. Mas a mudança pode estar no ar quando True Blood, Crepúsculo e The Vampire Diaries exibem vampiras que transgridem essas barreiras restritivas, diz Nyx Mathews.

Como uma regra geral, autores persistem em representar vampiras como más candidatas para estudos feministas positivos, apesar do potencial intrínseco.

Uma vampira é uma mulher que não morre nem pode ter filhos; é tão forte quanto seu parceiro e muito mais forte que humanos; foi feita com a intenção de causar violência e sentir pouco remorso, e – através de uma conveniente dose de ‘instinto animal natural’ – sentem da mesma maneira sobre sexo.

Ao invés de explorar esse radical alcance de possibilidades abertas para as mulheres nessas circunstancias, roteiristas e fornecedores de ficção sobrenatural normalmente optam a empregar tramas e facetas nas personalidades que servem para fortemente conter e controlar suas personagens, muito parecido com as forças sociais que atuam sobre as mulheres todos os dias.

O poder destrutivo implícito de uma mulher forte, sem preocupações emocionais e laços familiares, é maior que força sobrenatural, (e em alguns casos habilidades mágicas) que se aplicam a todos os vampiros: enquanto homens com tanto poder é perigoso em termos literais de potencial de destruição, em mulheres as conseqüências passam dos limites de assassinato e destruição de propriedade, mas de levantar medo e derrubar a própria ordem social.

Permitir poderosas, inférteis e impiedosas mulheres ficarem a solta é – está implícito – muito perigoso para as paginas de ficção. O efeito em cascata seria aterrorizante demais.

Até agora, os autores de ficção sobrenatural tem mantido suas vampiras secundárias e dividindo-as grossamente em dois grupos – putas e madonas – atribuindo para cada grupo certo parâmetro designado para encobrir seu potencial de destruição não-feminino.

Mais recentemente, no entanto, alguns personagens surgiram– apesar de ainda secundarias – transgridindo essas barreiras. Pam de True Blood, Alice Cullen de Crepúsculo e Katherine Pierce de The Vampire Diaries merecem um exame mais cuidadoso que o resto da população vampiresca feminina. De formas diferentes, cada uma delas desafia ou subverte as rígidas estruturas que trabalham para conter o poderoso potencial que vampirismo confere em suas portadoras.

No reino do sobrenatural, uma ‘vagabunda’ pode ser uma mulher que ‘caiu em desgraça’ antes de virar uma vampira e já era, portanto, ‘má’, uma ‘causa perdida’, e, é claro, tinha as características que tornam sua transição para sugadora-de-sangue relativamente suave e desprovida de qualquer angústia moral que frequentemente acompanha a mudança. Pode-se ver essas vampiras representadas por Darla de Buffy, Isabelle de The Vampire Diaries, e inicialmente pelas esposas de Drácula.

Ela também poderia ser uma mulher que não era muito ‘perversa’ antes de sua transformação, mas que abraça novos elementos na sua personalidade quando a mudança acontece, ao invés de lutar contra eles.

Madonnas são aquelas vampiras que eram virtuosas em suas vidas – boas mães, esposas, filhas – e são frequetemente virgens, ou eram, antes da mudança. São transformadas normalmente em uma dessas duas formas: em um ato irracional de violência por um vampiro que é inquestionavelmente ‘mal’ como forem Druscilla de Buffy e Mina Harker de Drácula, ou em um esforço de salvar suas vidas por um vampiro relativamente ‘bom’ como foram Esme e Rosalie de Crepúsculo e Claudia de Entrevista com o Vampiro.

Em ambos os casos, o criador é que sempre masculino, e as mulheres são transformadas sem consulta ou permissão. Depois de suas transformações elas resistem a sua natureza, e tendem a acabar ou loucas ou depressiva como resultado da constante batalha entre o resido da sua fibra moral e o mostro que se tornaram.

Tanto as ‘’madonnas’’ quanto as putas, são colocadas em pequenos personagens, e ambas tem seus poderes sobrenaturais contidos. Embora as exceções que citei acima podem ser grossamente colocadas nessas categorias – Pam e Katherine possuem certas características da ‘vagabunda’, enquanto Alice pode ser colocada aproximadamente no grupo das madonnas – mas suas transgressões excedem seus traços conformistas e as marcam como sujeitos interessantes para teoria feminista dentro do gênero vampiresco.


Alice Cullen de "Crepúsculo"

Alice Cullen de Crepúsculo, por outro lado, mostra traços físicos excessivamente normais como uma "santa": é delicada, bonita e graciosa como uma bailarina. No seu caso é a sua personalidade que a diferencia da multidão.

Ela é virtualmente onipotente, só às vezes deliberadamente solitária, mas tem o controle completo de seus relacionamentos - famíliares e românticos - e, o mais impressionante de tudo, ela passou por várias fases vampiricas (a violência indiscriminada dos recém-nascidos, a dieta com sangue humano, o vegetarianismo) completamente sozinha.

Decisivamente, Alice não uma história de origem. Apesar de ter sido transformada por qualquer um, não tem sabedoria disso. Esta falta de memória de sua vida humana é especialmente interessante a partir de uma perspectiva feminista. Alice permeia uma oportunidade única para criar seus próprios pontos de vista de ser uma vampira, sem interferências humanas em sua memória.

No caso de Alice a amnésia permite a interpozisão de um modo não considerado até agora entre os vampiras do sexo feminino. Ela protege sua familia adotiva.

fonte:vampirediariesbrasil/twilightitalia

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