Calafrio, um Crepúsculo Bem Melhorado?

Eu adoro Lady Gaga. É, gosto mesmo. Acho as músicas grudentas e o visual divertido. "Ela é uma cópia da Madonna", costumam criticar. E é a pura verdade. Mas é por isso que a Gaga é tão boa. Porque ela imita o que a Madonna tem de melhor (a disposição para provocar e a capacidade de absorver as novas tendências musicais) e deixa de lado o que é ruim (a pretensão absurda). O que mostra que a mania que temos de demonizar as xeroxes pode ser um equívoco.

As provas estão aí, em todas as artes. Qual é o melhor longa de ação dos últimos anos? "O ultimato Bourne", que nada mais é do que uma cópia muito melhorada dos filmes do 007 (que, por sua vez, deram para imitar as aventuras de Jason Bourne recentemente). Outra prova disso, agora no mundo dos livros, é o recém-lançado "Calafrio" (Editora Agir), da americana Maggie Stiefvater. Não é preciso nem abrir o dito-cujo para sacar qual é a sua: "Se você é fã de Crepúsculo, vai amar Calafrio", diz uma frase pinçada do jornal "The Observer" e plantada no alto da bela capa da designer Mariana Newlands.

Sim, é inegável que se trata de uma história que copia a fórmula que transformou Stephenie Meyer numa potência comercial. A heroína é uma garota solitária e romântica que mora numa cidadezinha de interior. Não demora, e a menina, Grace, se apaixona por um rapaz igualmente romântico, Sam, com pinta de emo, que vem a ser uma criatura sobrenatural (um lobisomem, em vez de um vampiro). Eles passam o livro todo lutando por sua paixão e quase se agarrando. Na hora H, porém, puxam o freio.

O que difere "Calafrio" (que também deu origem a uma série) de "Crepúsculo" é um pequeno detalhe. Tá, na verdade é um detalhe enorme: Maggie Stiefvater é uma escritora. Não estou dizendo que Meyer não tenha talento. Ela decerto possui, ou não teria vendido mais de 50 milhões de livros. Mas existe uma diferença enorme. Enquanto os livros de Meyer lembram uma TV em preto e branco, o de Stiefvater beira o 3D em muitos momentos. Como numa cena, pouco antes da metade da trama, em que Sam quase se transforma em lobisomem na frente de Grace. Para refletir a desorientação do garoto, o texto passa a misturar o presente com o passado recente e sua infância, criando uma cena ao mesmo tempo tocante e terrível.

No começo, os personagens parecem estar caminhando para dentro das fôrmas de bolo de sempre (anti-herói, vilão etc.), mas acabam fugindo do óbvio. Assim como os diálogos, que às vezes até exageram no açúcar, mas não ao ponto de enjoar. Entre o original e a imitação, neste e em muitos outros casos, fique com a cópia.


PERCY JACKSON, COADJUVANTE

A Intrínseca adquiriu os direitos da próxima série de Rick Riordan sobre mitologia grega, "The heroes of Olympus" ("Os heróis do Olimpo", em português), que se passará no Acampamento Meio-Sangue e trará Percy Jackson e seus amigos como personagens coadjuvantes. A editora pretende publicar "The lost hero" ("O herói perdido"), primeiro volume da série, no dia 12 de outubro, mesma data em que o livro sairá nos Estados Unidos.

fonte:oglobo

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