Melissa Rosenberg fala sobre Lua Nova, Eclipse e provável classificação de Amanhecer na MPAA

Laremy Legel: Quando conversei com você sobre Crepúsculo você estava apenas dando uma olhada no mundo das fãs e do que se tratava. Você ainda olha sites de fãs hoje em dia?

Melissa Rosenberg: Eu fico longe da Internet porque sou muito sensível a comentários. Pode ter 10 comentários de “Ótimo trabalho” e um de “Ela é péssima!” e esse vai acabar comigo. Quando se escreve você fica o tempo todo lutando contra demônios pra conseguir sentar e fazer o seu trabalho. Se você escuta as vozes externas, além das de dentro da sua cabeça, você nunca vai terminar o que tem que fazer. O conflito interno já é grande o bastante.
Mas eu ainda mantenho um site de fãs onde as pessoas são legais. É interessante ler seus comentários, porque falam sobre o que é importante pra eles, quais as coisas que realmente ficam, no que eu preciso me prender. Então eu confio nisso.

LL: Acho que o que você escreve tem bastante diversidade; Dexter é bem diferente de Crepúsculo. Você se preocupa em ficar presa em um gênero específico? Roteiristas ficam taxados? Ou isso não acontece?

MR: Ah! Acontece o tempo todo. Você se torna o roteirista dos adolescentes. Os estúdios, por investirem muito dinheiro nos filmes, querem uma garantia de que quando contratam alguém, essa pessoa possa passar a mensagem que eles querem. Tudo é baseado em medo, então eles estereotipam as pessoas. Mas eu já escrevi de tudo. De faroeste, a ficção científica e dramas cômicos. Já fiz de tudo. Tenho meus pontos fortes e tenho os fracos e tem coisas que eu prefiro não fazer, mas como a maioria dos escritores, eu gosto e posso fazer coisas diferentes.

Tenho certeza que vão me oferecer vários dramas românticos adolescentes daqui pra frente, porque eu escrevi muitos deles e não vou escrever de novo. Não é do meu interesse. Eu pretendo fazer coisas diferentes.

LL: Como escritora, você entra em um projeto pensando no público alvo? Em outras palavras, você acha pensa “Bem, isso é para adolescentes, não para adultos, então tenho que fazer de tal jeito?”


MR: Não. Na verdade, não. A questão não é a idade. A questão é escrever sobre um personagem e sobre emoção e sobre a sua jornada emocional. Se você começa a escrever para um público específico é como se os estivesse manipulando. Eu nunca escrevi para uma faixa etária específica. Eu só escrevo sobre os personagens. Se conseguir capturar isso, você conquista o público e conseguirá agradar todas as idade, como no Crepúsculo. A faixa etária é bem ampla. Isso vem da Stephanie [Meyer] – estou adaptando as histórias dela, não inventei nada disso, mas meu trabalho é adaptar e manter a história tão universal quanto é nos livros.

LL: Pode me falar uma frase sobre cada diretor com quem trabalhou na Saga Crepúsculo? Qual o ponto forte de cada um?


MR: Catherine Hardwicke, ela trouxe um sentimento de intimidade. Ela tem uma sensibilidade que trouxe àqueles personagens à tela de uma maneira muito íntima.

Chris Weitz fez um drama devastador. Lindo visualmente e uma maneira bem clássica de contar a história.

David Slade, até agora (o processo ainda não terminou) trouxe um nível de ritmo e intensidade.

LL: Qual a sua aposta para o próximo diretor? Eles te pedem alguns nomes ou já chegam pra você e dizem com quem você vai trabalhar?


MR: Não depende nada de mim. Eu já vi listas e analisei, e eles sempre aceitam opiniões, o que é ótimo, mas no fim das contas a decisão é deles e eles vão fazer o que for preciso e eu vou trabalhar com quem quer que eles escolham. Eu não tinha trabalhado com os outros três diretores e deu certo. Falando no geral, [a lista] tem pessoas com as quais nunca trabalhei antes.

LL: Pode falar um pouco sobre Taylor Lautner como ator principal? Parece que ele percorreu um longo caminho desde Crepúsculo


MR: O Taylor é notável porque ele poderia facilmente ter perdido o papel. Ele gravou só um dia no primeiro filme e ficaram discutindo se ele voltaria ou não. Ele aceitou o desafio e virou ator principal. Ele conseguiu isso. Não foi ninguém além dele. Ele fez isso por ele mesmo.

Taylor Lautner é um rapaz raro. Ele quis uma coisa e fez acontecer. Poderia facilmente ter ido pro lado errado. Se ele não tivesse feito nada, as coisas não teriam acontecido pra ele. Muito bem direcionado. Aquele personagem é tão físico que precisava haver uma transformação.

LL: Você vem escrevendo Dexter e Crepúsculo praticamente nos últimos quatro anos. Como você mantém o equilíbrio com sua vida pessoal? Ou é só uma questão de “Agora que tem trabalho, vou trabalhar bastante porque não sei quando terei outra oportunidade como essa?”

MR: É a segunda opção. Não há um equilíbrio na minha vida. Estou trabalhando há anos e estou ciente que é uma oportunidade rara fazer um desses trabalhos, quanto mais os dois. É uma oportunidade extraordinária. Não se pode escapar de oportunidades assim simplesmente porque você está cansada ou tem muito trabalho. Eu tive que agarrar os dois e felizmente tenho um marido e amigos muito compreensivos.


LL: Se uma adaptação fica com classificação 18 anos pra você, mas o estúdio quer que você altere para que seja 12 anos, isso seria possível?

MR: Ah sim, bem possível. Você não sacrifica uma história por adaptar a linguagem dela e muito menos por mostrar menos sangue, ou por qualquer coisa que torne um filme classificação 18 anos. Não vai doer. Quando Dexter começou na CBS eles tiveram que reeditar alguns episódios para a TV aberta e a única coisa que fizeram foi cortar algumas palavrinhas. Tem mais sangue em um episódio de C.S.I., apesar de Dexter ter um tema mais pesado. Não pelo que você vê, mas pelo que fica implícito. Acho que você não tira o suspense ou estraga o personagem mudando esse tipo de detalhes.

LL: Depois de ler Amanhecer, onde as coisas ficam mais extremas, você ainda vai manter a classificação 12 anos?


MR: Ah sim. Com certeza. Esse é o público. Nessa série não se sacrifica nada. Alguns filmes eu não deixaria em classificação 12 anos, como Se Beber Não Case, mas esse não é o caso. Se você está capturando o personagem, a emoção e a jornada emocional, está tudo certo.

Lua Nova já está disponível em DVD, Eclipse estreia dia 30 de junho de 2010



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