Na Estrada: Monet já viu e conversou com Walter Salles e Alice Braga

Baseado no romance de Jack Kerouac e dirigido por Walter Salles, Na Estrada (On the Road) estreia nos cinemas brasileiros apenas no dia 13 de julho, mas tem feito barulho já há um bom tempo.


Com um elenco de peso a bordo, uma trama cheia de sexo, drogas e paisagens incríveis, não é de se estranhar que a produção seja uma das mais aguardadas do ano, ainda mais depois de receber aplausos de pé na exibição do Festival de Cannes por mais de seis minutos. A Monet não só já viu, como conversou com o diretor e a única brasileira no elenco, Alice Braga. Confira quais foram as impressões:

Particularmente, não tenho nenhuma conexão especial com a chamada geração Beat, que viveu entre os anos 40 e 50 e foi tão bem descrita por Kerouac no livro de 1957 que serviu de inspiração para o longa em questão. Tal geração, mais tarde, ainda originou o movimento hippie e lançou a moda de pegar o carro e sair sem destino por aí.

Mas mesmo que a realidade dos jovens de vinte e poucos anos de hoje seja radicalmente diferente, muitos podem se identificar com o dilema vivido por Sal Paradise (Sam Riley), Dean Moriarty (Garrett Hedlund) e Carlo Marx (Tom Sturridge): o que fazer da vida adulta?

O que fica bem claro é que nenhum deles quer seguir o caminho óbvio e entediante esperado pela sociedade. Como o próprio Kerouac escreveu, para ele “pessoas mesmo são os loucos, os que estão loucos para viver, loucos para falar, loucos para serem salvos, que querem tudo ao mesmo tempo agora, aqueles que nunca bocejam e jamais falam chavões, mas queimam, queimam, queimam como fabulosos fogos de artifício”. E assim, em uma frase, está descrita a relação de Sal e Dean; o jovem escritor simplesmente seguiu esse garoto “fogo de artifício” Estados Unidos afora.

Mas se para alguns o próprio livro já tem um ritmo arrastado, muitos irão sentir o mesmo em relação ao filme – e olha que estamos falando de um road movie, gênero tão familiar para Walter Salles depois de Central do Brasil e Diários de Motocicleta. “Eu sou apaixonado pelo livro, mas ele é aquele tipo de obra que muitas pessoas não conseguem chegar ao final”, justificou o diretor. É claro que dezenas de personagens do livro provavelmente não chegaram nem perto do roteiro do longa, como é de se esperar em uma adaptação, mas a sensação que fica é a de que muitas aparições são desnecessárias para o resultado final, especialmente para aqueles que nunca leram a obra de Kerouac. Apesar de ser uma excelente atriz, e é com uma pontinha de orgulho patriótico que falo isso, a participação de Alice Braga como a trabalhadora rural Terry poderia ser completamente excluída sem nenhum prejuízo ao enredo. 

“Foi uma presença luminosa com a qual eu sonhava há bastante tempo. Ninguém faria melhor que ela”, se derreteu em elogios ao falar da atriz. Ela mesma fã assumida da obra e do diretor, Alice deixou clara sua empolgação e emoção por participar do projeto: “foi a combinação perfeita trabalhar com o Walter na adaptação de um livro que eu amo, quase chorei quando recebi o convite por email”. E outros personagens também. Vale lembrar que Terrence Howard e Steve Buscemi também aparecem em rápidas participações.

Mas justiça seja feita, não é possível deixar de notar a surpreendente atuação de Kristen Stewart como a jovem esposa de Dean, Marylou. Esse talvez seja o fim das piadas dizendo que a atriz que despontou com a Saga Crepúsculo não tem expressões suficientes em seus trabalhos. “A ideia era fazer um filme com atores que estavam começando, mas nos atrasamos cinco anos e ela acabou construindo uma carreira nesse tempo. Mesmo assim, eu a escolhi por seus trabalhos anteriores como O Quarto do Pânico e Na Natureza Selvagem. 

Ela adora a personagem e até hoje tem o livro em sua cabeceira. Fizemos uma cena de improviso que mostra a inteligência e sensibilidade que tem como atriz e o resultado, filmado em um só take, é tocante”, descreve Salles. 

Ousada, sensual, e quem diria, sorrindo, ela interpreta uma garota de 16 anos que se envolveu em um relacionamento confuso com o rapaz que parece atrair a fascinação de todos. Inclusive de sua outra esposa Camille (Kirsten Dunst). Os únicos que parecem não morrer de amores são o excêntrico Old Bull Lee (Viggo Mortensen), casado com a personagem de Amy Adams, e Galatea Dunkel (Elisabeth Moss), que foi largada para trás pelo marido que resolveu cair na estrada atrás de Dean. Mas se tratando da atuação de Garrett Hedlund, fica difícil mesmo não querer seguir Dean Moriarty.

fonte:revistamonet

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